15 Abril 1919
(Condeixa-a-Nova) - 31 Janeiro 1989 (Lisboa)
Fernando Namora, de
nome completo Fernando Gonçalves Namora, distinguiu-se sobretudo como médico e
escritor português, autor de uma extensa obra literária, das mais divulgadas e
traduzidas nos anos 70 e 80.
Poeta, pintor, ficcionista, ensaísta e caricaturista, formou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra.
Colaborou com várias publicações periódicas, como Sol Nascente, O Diabo, Seara Nova, Mundo Literário, Presença, Altitude, Revista de Portugal, Vértice, entre outras. Autor de várias colectâneas de poesia e de uma pouco conhecida obra como artista plástico, é sobretudo como ficcionista que o nome de Fernando Namora marca a literatura portuguesa contemporânea, tendo granjeado um sucesso a nível nacional e internacional que não é alheio ao facto de essas duas vocações, a de poeta e a pintor, estarem "presentes no olhar e no dizer do ficcionista." (cf. MENDES, José Manuel - Encontros com Fernando Namora, Porto, 1979, p. 93).
Depois da publicação de dois romances, que refletem a experiência universitária coimbrã, numa já segura articulação entre a análise psicológica e a atenção às determinantes sociais e históricas da conduta do indivíduo, a publicação da novela
A Casa da Malta irá inscrever este autor na corrente neorrealista, opção facilitada pelo contacto com a realidade social e humana que a experiência de médico em meios rurais lhe impunha.
Foi em 1965 que abandonou a medicina para se consagrar à literatura, tendo então aceitado o cargo de presidente do Instituto de Cultura Portuguesa, no âmbito do qual desenvolveu iniciativas de apoio aos leitorados portugueses e presidiu à publicação de uma coleção de iniciação à cultura: a "Biblioteca Breve".
Escreveu, para além de obras de poesia e romances, contos, textos de memórias e impressões de viagem.
Entre os títulos que publicou, destacam-se os volumes de prosa Fogo na Noite Escura (1943), Casa da Malta (1945), As Minas de S. Francisco (1946), Retalhos da Vida de Um Médico (1949 e 1963), A Noite e a Madrugada (1950), O Trigo e o Joio (1954), O Homem Disfarçado (1957), Cidade Solitária (1959), Domingo à Tarde (1961, Prémio José Lins do Rego), Os Clandestinos (1972) e Rio Triste (1982); e as obras de poesia Mar de Sargaços (1940) e Marketing (1969).
Uma das facetas menos conhecidas do médico e escritor foi a de caricaturista.
Trata-se de “uma versão diferente de Fernando Namora, que deu origem a cerca de 180 caricaturas académicas, alusivas aos anos letivos de 1936/37 e de 1941/42, período temporal que reflete a duração do seu próprio curso universitário. Estes trabalhos estiveram expostos ao público no museu P.O.R.O.S em Condeixa, numa iniciativa integrada nas comemorações do centenário do seu nascimento (2019), mas agora podem ser visitados no Agrupamento de Escolas de Ansião até dia 20 de novembro de 2020.
Adaptações ao cinema
Várias obras de Fernando Namora foram adaptadas ao cinema. Sendo talvez uma das suas obras mais conhecidas, Retalhos da Vida de um Médico, foi a primeira a ser adaptada ao cinema, por intermédio do realizador
Jorge Brum do Canto (em
1962, filme selecionado para o
Festival de Berlim), seguindo-se a série televisiva, da responsabilidade de
Artur Ramos e
Jaime Silva (
1979-
1980).
Prémios e honras
·
Prémio Ricardo Malheiros (1953)
·
Medalha de Ouro da "Societé d'Encouragement au Progrés" (1979)
·
Grande-Oficial da Antiga, Nobilíssima e
Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico,
Literário e Artístico (3 de Setembro de 1979)[8]
·
Prémio D. Dinis (1982)
·
Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (26 de Maio de
1988)[8]
·
Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (29 de Agosto de 2019, a título póstumo)[8]
Casa Museu Fernando Namora, em Condeixa
É possível visitar a casa onde Fernando Namora nasceu, e onde os seus pais abriram um pequeno estabelecimento comercial, situada no centro da vila de
Condeixa-a-Nova, distrito de
Coimbra.
"O homem nasceu para a
felicidade e todo o mal provém não da privação mas do supérfluo, e enfim, não
há grandeza onde não haja verdade e desapego pelo efémero." -
Fernando
Namora
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